Momento ruim do atleta pode ser explicado através de análise mental e comportamental, revela o treinador Lincoln Nunes.
A má fase do jogador Luan desde o final do vínculo do Grêmio até o momento no Corinthians tem chamado a atenção de torcedores, jornalistas e, principalmente, dos treinadores mentais. Afinal, por que um jogador com um currículo de peso: campeão olímpico e da Libertadores, Rei da América e autor do gol da final pôde decair tanto em rendimento em tão pouco tempo?
Para o treinador mental de atletas de alta performance, Lincoln Nunes, essa pergunta envolve alguns fatores que precisam ser considerados antes de ser respondida: “Pressão, perda de propósito, autossabotagem, crença de merecimento, problemas pessoais ou um misto de tudo? Na verdade, não é tão fácil analisar como parece”, garante.
“Para começar, não dá para a gente apontar um fator determinante para ele, mas o que é possível é traçar um perfil dos seus ‘bloqueadores’. Ainda há possibilidade de, simplesmente, o atleta pode ter perdido o propósito em algum momento da trajetória. Por mais que as pessoas acreditem que o jogador de futebol já tem tudo. Porém, isso é recorrente com os futebolistas que vieram de baixo e num estalo conquistam muitas coisas. É complicado lidar com essas mudanças”, observa Lincoln.
A questão emocional de um atleta envolve tantos detalhes, que até a mudança de ambiente onde vive pode ser crucial para seu desenvolvimento, revela o treinador: “A mudança do Sul para São Paulo também é um fator determinante, principalmente emocional. Se você não está preparado para uma mudança de rotina… demora para se compreender essa quebra de rotina. Além de outras coisas, como jogar no clube do coração. Todas essas opções devem ser colocadas na mesa quando trabalhamos com mentalidade e comportamento dos atletas”.
A título de curiosidade, o jogador, durante sua melhor temporada (2016-2017), teve o ano marcado pelo título da Copa Libertadores, e fez 21 gols e 14 assistências em 65 jogos. No momento seguinte, já no Corinthians, em suas duas primeiras temporadas, foram oito gols e assistências em 55 jogos. Sobre estes dados e a queda brusca de rendimento, Nunes destaca: “Grêmio e Corinthians são gigantes, mas a cobrança em São Paulo é muito maior.
Ainda tem a questão do valor em que o atleta foi negociado, são quase 30 milhões. Tudo isso, volta ao detalhe central: a sensação de não merecimento. No entanto, para entender o que realmente afeta o atleta, são necessárias algumas sessões. Ele precisa aceitar uma ajuda extra, algo que será positivo tanto para a carreira quanto pessoalmente a longo prazo”, conclui Lincoln. —
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