Cria do morro da Mangueira, a rainha de bateria da Estação Primeira terá a responsabilidade de cuidar dos novos frutos da escola. Convidada pela presidenta Guanayra Firmino, a rainha assume a agremiação mirim da verde e rosa ao lado do eterno mestre-sala Marquinhos que será seu vice.
“Faço questão de agradecer a Guanayra Firmino, minha presidenta, uma mulher preta nessa liderança que me deu esse presente de também ser uma liderança. Jornada dupla feminina na Mangueira e na Mangueira do Amanhã. Faremos um trabalho de legado!”, afirma a rainha.
Evelyn Bastos foi musa do carnaval do Caldeirão do Huck em 2012; rainha do carnaval do Rio de Janeiro em 2013 e chegou ao posto de rainha da Estação Primeira em 2014. Trajetória de muita dedicação e amor ao samba. Filha de Valéria Bastos – rainha entre 1887 e 1989 –, iniciou seus passos também na Mangueira do Amanhã. Filha da escola mirim a nova presidenta promete dedicação e resgate das crianças do morro.
“Essa é a minha essência, a minha base. ‘Vá o mais longe que puder, mas nunca se esqueça de onde veio’ eu carrego essa frase comigo e todo caminho que venho trilhando, em todas as etapas eu nunca deixei de olhar para trás. Sempre tive muito carinho com as crianças e quis passar esse valor cultural que o samba pode agregar em nossas vidas, o quanto ele é transformador. Poder hoje carregar essa responsabilidade é um chamado e muito me honra. Será uma gestão feita com muito amor visando preparar o futuro da Mangueira para daqui a 20 anos a gente conseguir ver uma Mangueira como hoje,” disse a presidenta.
O vice-presidente, Marquinhos, foi representante de ala, intérprete da escola mirim e primeiro mestre-sala da Mangueira por 17 anos. Passou por outras agremiações como Tijuca, Vila Isabel, Unidos do Viradouro e Paraíso do Tuiuti. Cria do morro, retorna para escola com a missão somar com a nova gestão para cuidar dos futuros talentos da Estação Primeira e resgatar a cultura do samba.
“Eu peguei a Evelyn no colo e vê-la como presidente da Mangueira do Amanhã é muito gratificante, a gente reafirma que sonhos são possíveis. Nossa agremiação é a universidade do samba e eu tenho doutorado. Fui prestar minha arte para outras coirmãs, mas retornar sendo vice dela [Evelyn] é uma honra. Nossa luta será para ver a garotada descendo o morro novamente, colocar essas crianças dentro do Palácio do Samba. Preparar essas crianças para uma nova era, para além do samba, estimular o estudo, fazer um resgate ancestral. Eu tenho certeza de que os mestres e a ancestralidade estão contentes”, encerra Marquinhos.