No fim da manhã do último sábado (29), a diretoria da escola de samba Vizinha Faladeira, juntamente com religiosos de matriz africana e políticos, participou da 12ª cerimônia de lavagem do memorial do Cais do Valongo, localizado na região batizada de Pequena África, na Zona Portuária do Rio de Janeiro.
A cerimônia foi realizada pela Yalorixá Mãe Edelzuita d’Oxoguiã, presidente do Instituto Nacional e Órgão Supremo Sacerdotal da Tradição e Cultura Afro-Brasileira, que faz parte do grupo de mães de santo que deu início à lavagem do memorial. O ato contou também com as presenças dos secretários municipais da Casa Civil, Eduardo Cavaliere, e da Inclusão e Diversidade Religiosa, Sergio Fernandes, representantes do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), e do Bloco Filhos de Gandhi, entre outros presentes.
A lavagem do Cais do Valongo acontece desde 2012, sempre no derradeiro sábado do mês de julho. O sítio arqueológico do Cais do Valongo foi redescoberto em 2011, durante as escavações das obras do Porto Maravilha. O local foi criado em 1811 pela Intendência Geral da Polícia da Corte do Rio de Janeiro, e ao longo de 40 anos por ele passaram cerca de um milhão de africanos escravizados. Em 2017, foi reconhecido como Patrimônio Mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco)
Em março deste ano, a Vizinha Faladeira, a primeira escola de samba carioca, recebeu o certificado de membro do Comitê Cais do Valongo, extinto em 2019, e recomposto por meio da portaria nº 88, de 20 de março de 2023, na semana em que se celebra o Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial. A agremiação faz parte do grupo composto por 15 representantes da sociedade civil e 16 representantes governamentais.
A celebração em comemoração à lavagem do memorial se estendeu pela tarde, quando a Pioneira do Samba fez o encerramento do evento com apresentações dos segmentos, no pátio do no Museu da História e Cultura Afro-Brasileira (MUHCAB).